Existem inúmeros processos (sejam eles cognitivos, emocionais ou comportamentais) que contribuem para o sofrimento emocional e para o desenvolvimento e manutenção de problemas ou transtornos psicológicos.
Cada vez mais a ciência tem avançado na identificação desses processos comuns a uma diversidade de quadros clínicos e por isso são chamados de processos transdiagnósticos. Alguns já são bem conhecidos, outros ainda precisam ser melhor estudados.
Alguns exemplos são: perfeccionismo, intolerância à incerteza, ruminação, preocupação, sensibilidade à ansiedade, medo da avaliação, desregulação emocional, evitação experiencial.
Claro que, nenhum deles sozinho será suficiente para desenvolver um transtorno, visto que, sua etiologia é multifatorial. Porém, já é sabido que cada uma dessas dimensões tem uma significativa importância na etiologia e manutenção dos quadros psicológicos.
Ao utilizar uma abordagem transdiagnóstica, vamos identificar esses mecanismos, compreender como interagem e trabalhá-los como alvos terapêuticos em vez de focar apenas nos sintomas específicos de cada transtorno.
O objetivo é ir além do diagnóstico, que muitas vezes, não nos dá uma visão ampla de quais fatores podem estar presentes.
Quando miramos nos processos na avaliação com o paciente, temos a oportunidade de personalizar o tratamento, tornando-o mais flexível, indo além do diagnóstico. Possibilitando, dessa forma, a identificação de características específicas que compõem o problema e inovando na forma de abordá-los com o paciente, que também têm a oportunidade de aprender sobre esses mecanismos e como modificá-los.
Assim, ao focalizar as dimensões que os diferentes transtornos compartilham, fornece uma base promissora não só para o cuidado, mas também para a prevenção dos transtornos mentais. Visto que, pode auxiliar na identificação desses fatores antes dele virem a se tornar um problema.
No lugar de vermos apenas “ansiedade”, teremos acesso aos processos que compõem dado sintoma em dado indivíduo e assim, ter um trabalho mais assertivo.
Por isso que qualquer estratégia que vise reduzir o sintoma e não mire nos processos que podem estar contribuindo para sua manutenção, não será efetivo a longo prazo, visto que esses fatores, se não trabalhados, continuarão a manter o problema.

Comments